A Médium

Gian Carlo-Menotti

Música e Libreto

 

2 Actos

Cantado em inglês Legendas em Português

Duração: 1h20

 

Diogo Costa, Direcção Musical
Sandra Faleiro, Direcção Cénica
Roberta Azevedo Gomes, Cenografia
Miss Suzie, Figurinos
Gi Carvalho, Desenho de Luz
Joana Campelo, Assistente de Encenação
Vitor Rita Vilhena, Assistente de Execução de Cenografia

 

Elenco
Cátia Moreso, Madama Flora
Cecília Rodrigues, Monica
Benjamim Barroso, Toby
Carla Simões, Mrs Gobineau
Tiago Amado Gomes, Mr Gobineau
Ana Rita Coelho, Mrs Nolan

 

Ensemble MPMP
Produção Ópera do Castelo

 

Estreia 28 e 29 AGO, Operafest Lisboa 2021

 

"A Médium" de Gian-Carlo Menotti

Uma das óperas mais marcantes do compositor italo-americano, Gian-Carlo Menotti (1946), para uma noite "do outro mundo".

Com libreto do compositor, um enredo replecto de suspense e uma música muito expressiva que nos apanha de imediato, esta ópera retrata uma médium impostora, que engana famílias carentes dos seus entes queridos perdidos. Madame Flora- Baba é uma mulher desequilibrada e cruel. Tem o esquema montado, com a ajuda da filha Monica e do criado Toby. O dinheiro rende, mas e se o feitiço se voltasse contra o feiticeiro?

 

Um incidente imprevisto, que acontece no fim de uma das sessões, mergulha Madame Flora na desconfiança e já nada será como dantes.
Inspirada numa sessão espírita que o compositor experienciou com uns amigos, nos arredores de Salzburgo, em 1936, esta ópera reflecte sobre os limites do mundo real e do mundo sobrenatural, da verdade e da ilusão, o medo do vazio e da morte.

 

Um conto fantástico de terror em que todas as personagens estão aprisionadas em lugares diferentes.

 

Menotti apresenta-nos, A Médium, cujo nome indica, uma peça sobre uma médium (Madame Flora ou Baba) e sobre acontecimentos sobrenaturais que se confundem com a realidade, ou, talvez, sobre como a convicção do real pode ser tão próxima como a convicção do sobrenatural.

 

Madame Flora (a médium) vive entre estes dois mundos: a realidade que não consegue compreender e o sobrenatural em que não acredita. Cresceu a ver coisas terríveis ao longo da sua vida, bebe (talvez para esquecer) e torna-se vilã e carrasco dela própria quando é surpreendida pelos seus fantasmas, que a levam à loucura e a um fim trágico. Esta falsa psíquica controla a sua realidade com a ajuda de dois cúmplices inocentes: Mónica, a filha, que sonha e que foge para um mundo de fantasia para se refugiar do dia a dia, com uma mãe alcoólica e que maltrata e engana toda a gente, e, Toby, o rapaz mudo que Madame Flora resgatou das ruas de Budapeste, escravo dela e apaixonado por Mónica.

 

E é aqui que entram os clientes de Madame Flora: Mrs. e Mr. Gobineau e Mrs. Nolan. A realidade trágica destas personagens é manipulada por esta esta mulher, que se aproveita do sofrimento de pais que perderam os seus filhos. Os pais vão às sessões espíritas para falar com os seus filhos mortos e acreditam na encenação e no embuste criado por Madame Flora.

 

É desta forma que todas as personagens que compõem A Médium estão aprisionadas na sua própria realidade. Na dependência das suas próprias crenças encontram uma fuga à realidade, porque a verdade é demasiado cruel para se suportar.

A Médium fala-nos da Morte e da Vida e em como estão profundamente ligadas. A música de Menotti acompanha este enredo no contraste entre o lirismo sonhador e a distopia trágica, entre a fina linha que distingue a verdade da mentira, a fantasia da realidade e o amor e do ódio.

 

Sandra Faleiro